quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

My brand new friends...


SERPENTES AMIGÁVEIS

Criaturas rastejantes com o perigo em seus olhos.
Por eras tão temidas.
Seu veneno é usado em sua defesa.
Muito ao contrário das pessoas que estão ao meu redor.
Que o usam para matar sem mais nem menos.

Serpentes amigáveis.
Minhas novas amigas.
Silenciosas, discretas.
Não fazem alarde.

Tenho criaturas ao meu lado.
Criaturas que não rastejam e podem falar.
Porém que são tão sorrateiras quanto as doces serpentes.
Língua bífida escondida na boca.
Veneno transmitido publicamente.

Serpentes amigáveis.
Minhas novas amigas.
Pacientes, observadoras.
Nunca se precipitam.

Amigos que matam por prazer.
Nunca para saciar a fome.
Não matam meu corpo.
Mas matam a minha alma.
Matam a minha luz.

Serpentes amigáveis.
Minhas novas amigas.
Determinadas, persistentes.
Nunca deixam sua missão para trás

Pessoas me trazem a morte.
Sempre da forma mais dolorosa.
Sempre da forma mais demorada.
Não se importam com a dor que eu sinto.
Não se importam com o sofrimento que eu suporto.

Serpentes amigáveis.
Minhas novas amigas.
Únicas, incomparáveis.
Queria poder ser uma de vocês!


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Anything is better than to be alone...


SOLIDÃO - I.

Eu tenho a faca mais afiada deslizando sobre o meu peito.
Eu tenho a arma com o maior poder de fogo apontada para a minha cabeça.
Eu tenho o mais eficaz dos venenos correndo pelas minhas veias.
Eu tenho o assassino mais perigoso do mundo que se deita em minha cama comigo todas as noites.
E é só!

Eu estou na beira do precipício mais alto e frio.
Eu estou caminhando pela avenida mais movimentada com os olhos vendados.
Eu estou escalando o edifício mais ameaçador com as mãos suadas.
Eu estou enrolando a corda mais resistente ao redor do meu pescoço.
E é só!

Eu fiz tudo o que eu podia.
Eu fui guiado para todas as escolhas erradas.
Eu fui colocando cada tijolo no lugar para construir esse muro á minha volta.
Eu fiz como que todos fugissem para bem longe de mim.
E é só!

SOLIDÃO - II.

Eu juro que não quis que tudo fosse assim.
Parece que eu acabei com a minha vida.
Mas eu caí nesse vácuo e não consegui sair.
A solidão me abordou silenciosamente.
E levou tudo o que eu tinha
Eu me perdi.
Eu já estive perdido.
E vou continuar me perdendo.
Batalha injusta.
Mãos limpas contra um inimigo potencialmente armado.
Derrotado, desolado.
A solidão é imortal.
Eu tentei matar tudo o que pudesse me prejudicar.
Acabei por alimentar isso com a minha alegria, com a minha paz e com a minha vida.
Eu acho que já é hora de gritar por socorro.
Eu estou afundando.
Meus pulmões são fracos.
O ar está me deixando, assim como a vida.
Mais um dia, e não haverá retorno...
Salve-me!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

I would be nothing without you...


JESUS BOY

Quem o vê andar pelas ruas com suas roupas atípicas e rosto abatido não sabe...
Todas as pessoas que o julgam e desviam o olhar quando ele passa não têm qualquer noção...
Jesus Boy, não os odeie, eles são cegos!

A história é contada inúmeras vezes.
Pobre homem feito de carne e osso que morreu para salvar seus irmãos.
O maior sacrifício em nome da piedade.
Nunca se ouviu falar sobre a sua história.
Você que é crucificado todos os dias.
Você que não tem redenção nem louvores.
Jesus Boy, eles não te conhecem!

Você não pode ressuscitar em três dias.
Mas você pode reerguer o meu espírito cansado e trazer um sorriso ao meu rosto.
Você não pode fazer um cego voltar a enxergar.
Mas você pode me fazer voltar a enxergar a vida através do brilho dos seus olhos.
Você não pode transformar água em vinho.
Mas você pode transformar toda a minha amargura em amor.
Sim Jesus Boy, você é capaz!

Suas cicatrizes estão escondidas na alma.
Mas eu sei que elas doem mais do que qualquer ferimento físico.
Mas não se preocupe Jesus Boy, eu não deixarei eles o julgarem.
Eu não deixarei eles o zombarem.
Eu não deixarei eles duvidarem do teu poder.
Eu não deixarei nenhum demônio fracassado lhe tentar.
Eu sempre irei acreditar em ti Jesus Boy.
Porque tu salvaste a minha alma!
Obrigado Jesus Boy!

(Em memória de Felipe Lima)

domingo, 5 de dezembro de 2010

I must be running away...


FUGINDO...

Cisnes estão migrando para terras nórdicas.
Pessoas habitam outros lugares.
Almas vagam para outros sonhos.

E eu continuo aqui...
Deixado para trás.
Um andarilho sem esperanças, caminhando por ruas estreitas e frias.

As tristezas e decepções começam a se tornar fé.
E ninguém conhece a verdadeira face do medo como eu conheci.

Observo sacerdotes moribundos perdoando os pecados de pessoas sem alma.
E os espelhos do tempo me permitem ver quem eu realmente sou.

A sombra está me encobrindo com suas visões perturbadoras.
Diga-me o que pensa de mim, e então poderei ser livre!

Você viu as colinas cobertas com o sangue do inocente?
Pobre infeliz, morreu por amar demais...

Aqueles sussurros me fazem pensar de outro modo.
Apenas se ouve uma voz que diz "está tudo bem", e nós temos que acreditar que é verdade.

E eu ainda estou sozinho, ainda estou lamentando, ainda estou esperando...
Esperando por uma dor que não é minha.

O mundo poderia lutar contra os meus sentimentos?
Receio que não...

Ventos frios, me levem para longe desta vida.
Não quero mais fazer parte desta história enganosa.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Dying...


QUATRO (MALDITAS) PAREDES

A cada minuto que passa, sinto enfraquecer um pouco mais.
Cada suspiro que eu dou parece ser o último de minha existência.
Meu sangue flui lentamente por minhas veias quase secas.
Meus ouvidos ouvem o barulho da chuva lançando suas gotas em minha janela.
Olho para o teto esperando ver um anjo descer e me puxar pela mão.

Como eu gostaria que a morte chegasse mais perto de mim!
A morte não pode ser pior do que essa prisão que chamam de vida.

Eu não posso viver, não posso morrer!
Apenas posso esperar...

Eu queria caminhar até o lado de fora e sentir as gotas de chuva encharcarem meu rosto.
Me sentir vivo mais uma vez.

Mas a distância entre mim e o mundo lá fora é grande demais, embora não pareça ser.

Sou apenas um exemplar de um humano sem alma.
Só mais um olhar vazio.

Eu grito por dentro mas ninguém pode me ouvir!

Não posso chamar isto de vida.
Não me sinto capaz de me considerar humano.

Apenas posso esperar para que em breve eu posso fechar meus olhos e nunca mais os abrir.
Só então estarei livre...